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A Higiene e a Segurança no Trabalho no Setor da Logística


Conceitos

O tema da segurança está diretamente relacionado com o homem enquanto ser humano, e na sua eventual fragilidade, relativamente ao que o rodeia e às suas atividades que desenvolve, nomeadamente, em ambiente de trabalho.

A melhoria das condições de segurança, higiene e saúde no trabalho são fatores determinantes para a melhoria do nível de vida, de uma forma geral, de uma determinada sociedade. Estes conceitos refletem-se de forma evidente na vida das organizações; o conceito de trabalho mudou substancialmente nos últimos anos, sendo o ato de trabalhar mais complexo hoje, sendo exigidas mais competências, mais formação assim como mais segurança, higiene e saúde.

Segurança no Trabalho na Logística

A Segurança do Trabalho pode ser entendida como um conjunto de medidas adaptadas, visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho das pessoas envolvidas.

A segurança no trabalho é uma área que tem a finalidade de avaliar e identificar riscos e perigos para tornar o ambiente de trabalho seguro e saudável para os trabalhadores em todos os ramos das atividades económicas.



Riscos Ergonómicos

São considerados riscos ergonómicos a inadequada movimentação manual de cargas, as posturas e os movimentos inadequados, os movimentos repetitivos, a pressão mecânica direta sobre os músculos e ossos do corpo.

Movimentação manual de cargas

O melhor processo de reduzir o risco de lesões originadas pelas operações de movimentação manual de cargas é, obviamente, a de substituir o homem por meios mecânicos.

Uma vez que isso nem sempre é possível, deverá implementar-se uma série de medidas tendentes a minimizar os riscos do pessoal envolvido nas atividades de movimentação manual de cargas.


Algumas das medidas são:
  • A redução das cargas, respeitando a legislação em vigor;
  • A seleção, adequada, do pessoal para essas atividades;
  • A formação sobre as técnicas, corretas, de movimentação de cargas;
  • Uso de EPI (vestuário, caçado, luvas) apropriado
  • A utilização de meios mecânicos auxiliares
  • A reorganização do layout da área de trabalho (por ex: visando reduzir percursos a realizar).

Os riscos ergonómicos podem gerar:   
  • Distúrbios psicológicos e fisiológicos;
  • Provocar sérios danos à saúde do trabalhador;
  • Comprometer a sua segurança e produtividade;
  • Cansaço físico;
  • Perturbações músculo-esqueléticas;
  • Hipertensão arterial;
  • Alteração do sono;
  • Doenças nervosas;
  • Doenças do aparelho digestivo.
Os acidentes e os problemas de saúde podem ser prevenidos através da eliminação ou, pelo menos, da redução dos riscos de movimentação manual de cargas privilegiando os meios mecânicos:
  • Eliminação do risco — avaliar se a movimentação manual de cargas pode ser evitada, com recurso a equipamento elétrico ou mecânico de movimentação de cargas, como transportadores ou empilhadores;
  • Medidas técnicas - se a movimentação manual de cargas não puder ser evitada, considerar a utilização de dispositivos de apoio, como monta-cargas, carrinhos e dispositivos de elevação pneumáticos;
  •  Medidas organizacionais, como a rotatividade de tarefas e a introdução de pausas de duração suficiente, só deverão ser consideradas se a eliminação ou a redução dos riscos da movimentação manual de cargas for inviável;
  • Informações sobre os riscos e os efeitos negativos da movimentação manual de cargas para a saúde e formação sobre a utilização do equipamento e as técnicas corretas de movimentação.
As posturas corretas são essenciais na prevenção dos inúmeros efeitos nocivos que o trabalho que executamos tem (e ainda mais se ele for monótono e repetitivo) sobre a coluna, os músculos, as articulações e os tendões.





Enquadramento legal e normativo

A Diretiva 90/269/CEE, de 29 de Maio, é uma Diretiva Comunitária Europeia relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde respeitantes à movimentação manual de cargas que comportem riscos, nomeadamente dorso-lombares, para os trabalhadores. A nível da legislação nacional, esta Diretiva é transposta para a ordem jurídica interna, através do Decreto-Lei n.º 330/93, de 25 de Setembro. Porém, a movimentação manual de cargas é primeiramente enquadrada juridicamente em Portugal através do Decreto do Governo n.º 17/84, de 4 de Abril, que aprova, para ratificação, a Convenção n.º 127, sobre o peso máximo de cargas a transportar por um só trabalhador, adotada pela Conferência Internacional do Trabalho, em 7 de Junho de 1967. O Artigo 3.º do Decreto-Lei n.º330/93, de 25 de Setembro, carateriza a movimentação manual de cargas como “qualquer operação de transporte e sustentação de uma carga, por um ou mais trabalhadores, que, devido às suas caraterísticas ou condições ergonómicas desfavoráveis, comporte riscos para os mesmos, nomeadamente na região dorso-lombar”.

A nível internacional existem ainda as Normas ISO 11228-1:2003, a ISO 11228-2:2007 e a ISO 11228-3:2007. A ISO 11228-1:2003 especifica os limites recomendáveis para o levantamento e transporte manual, considerando a intensidade, a frequência e a duração da tarefa, aplicando-se ao trabalho diário de 8 horas que incide apenas e somente na operação de movimentação manual de cargas, e a cargas com uma massa superior ou igual a 3 kg. A norma ISO 11228-2:2007 apresenta os limites recomendáveis e fornece orientações para a avaliação dos fatores de risco associados às tarefas anteriormente descritas baseadas em estudos associados às operações de empurrar e puxar, mas também de que forma as cargas influenciam o sistema músculo-esquelético, o desconforto, a dor, a fadiga e a resistência. Por fim, a ISO 11228-3:2007 estabelece as recomendações ergonómicas para as tarefas repetitivas decorrentes da movimentação manual de cargas menos pesadas, mas efetuadas com uma maior frequência.

Um dos principais fatores considerados na avaliação de riscos à prática da movimentação manual de cargas é o peso. Em condições ideais não são aconselháveis manipulações de cargas com um peso superior a 25 kg, porém se a população trabalhadora for constituída por mulheres, jovens ou idosos, as cargas não devem exceder os 15 kg em casos excecionais, podem ser movimentados objetos com um peso até 40 kg desde que sejam manipulados por trabalhadores formados e treinados para tal, e cuja tarefa seja realizada de forma esporádica e em condições seguras.

Riscos físicos

Ruído

É definido como um som indesejável, produto das atividades diárias da comunidade, entre as quais as atividades económicas. O som representa as vibrações mecânicas da matéria através das quais ocorre o fluxo de energia na forma de ondas sonoras.
Provoca: ruído, cansaço, queda de produção, falta de motivação, desconcentração, stress e fadiga muscular.

Medidas de prevenção

As medidas de controle do ruído podem ser consideradas basicamente de três maneiras distintas: numa primeira linha de atuação temos as medidas técnicas (redução na fonte, redução da propagação e medidas de redução através de medidas de acústica) sendo que estas medidas devem ser adotadas sempre que possível em detrimento das demais, seguem-se as medidas organizacionais e, por fim as medidas que atuam na receção (proteção individual), as quais devem ser implementadas como último recurso. 

Na fonte
  • Seleção de equipamentos de trabalho e materiais a adquirir, isentos de ruído ou pouco ruidosos; 
  • Impedir ou reduzir o choque entre peças da máquina;
  • Colocação de silenciadores ou abafadores; 
  • Manutenção periódica dos equipamentos de trabalho; 
  • Substituição de componentes gastos ou defeituosos; 
  • Alteração do modo de manipulação de materiais; 
  • Substituição do equipamento por outro mais silencioso; 
  • Lubrificação eficaz dos rolamentos; 
  • Redução dos impactos na medida do possível.
Na propagação
  • Criação de barreiras acústicas que diminuam a transmissão do ruído; 
  • Isolamento da máquina e seus componentes; 
  • Colocação de materiais que absorvam as vibrações; 
  • Separação de peças que atuem entre si; 
  • Reforço das estruturas (para o ruído de percussão); 
  • Evitando que o som se propague a partir da fonte; 
  • Evitar a propagação por meio de isolamento; 
  • Evitando que o som chegue ao recetor.
Na receção (medidas de proteção individual)
  • Limitar o tempo de exposição: consiste em reduzir o tempo de exposição aos níveis de ruídos superiores a 85 dB (A). 
  • Protetores auriculares adequados: são protetores colocados nas orelhas do trabalhador.
Medidas organizacionais
  • Alternância de tarefas; 
  • Diminuição do tempo de exposição; 
  • Redução do número de trabalhadores expostos.


Vibrações mecânicas

A vibração mecânica é um movimento oscilatório de um corpo em torno do seu ponto de equilíbrio. As vibrações mecânicas surgem sob a ação de forças variáveis e podem transmitir-se a outros objetos por contacto direto. É o caso da energia vibratória mecânica dos martelos pneumáticos, por exemplo.

Podemos distinguir dois tipos de vibrações:
  • As transmitidas a todo o corpo (por exemplo no assento duma retroescavadora);
  • As transmitidas ao sistema mão/braço, ou seja, as vibrações ou choques de ferramentas e máquinas ao nível das mãos.
As vibrações podem caraterizar-se pela natureza, frequência, intensidade e direção, as quais, combinadas com a duração da exposição, definem a exposição.

A frequência exprime-se pelo número de oscilações por segundo. Neste particular, podem ser classificadas em três categorias:
  • De baixíssima frequência, produzidas por meios de transporte; 
  • De baixa frequência, produzidas por veículos e máquinas industriais; 
  • De alta-frequência, produzidas por ferramentas manuais rotativos ou de percussão. 
A intensidade vibratória é, em geral, medida através da aceleração nos termos prescritos nas normas técnicas, expressa em m/s2 e também em decibéis (dB) de aceleração.

A origem das vibrações
As vibrações predominantes na atividade industrial estão associadas a diversos fatores:
  • Ausência de elementos antivibráteis; 
  • Utilização de equipamentos em processos de transformação (prensa, por ex.);
  • Fenómenos naturais (sismos, ventos, entre outros); 
  • Modos de funcionamento ou defeitos de máquinas; 
  • Fatores ambientais; 
  • Peso dos equipamentos.
  • A carga vibratória é frequentemente acompanhada por ruído, poeiras, correntes de ar, frio e produtos perigosos.
Existem múltiplas afeções desencadeadas pelas vibrações, cujos efeitos dependem de:
  • Tempo de exposição; 
  • Forma como a exposição se produz; 
  • Caraterísticas físicas do meio; 
  • Modo de transmissão (a todo o corpo ou às mãos); 
  • Tipo de trabalho e tipo de postura.
Vibração mão/braço
  • Afeções osteoarticulares;
  • Artrose dos membros superiores;
  • Lunatomalácia  ou doença de Kienbock (necrose de um dos ossos do punho);
  • Pseudartrose do escafoide;
  • Síndroma do dedo álgido (SDA);
  • Síndroma de vibração mão/braço (VMB/HAV);
  • Outras afeções.
O valor limite de exposição para as vibrações mão/braço é de 5 m/s2.
O valor de ação de exposição é de 2,5 m/s2.

Afeções do corpo inteiro

Contrariamente às vibrações sonoras, o corpo humano não dispõe de mecanismos de perceção específica das vibrações mecânicas. Contudo, uns certos números de recetores permitem-nos sentir as vibrações (por ex. recetores ao nível dos músculos, tendões e articulações).

Os efeitos principais subsequentes às exposições são:
  • Problemas dorso-lombares (por ex. artroses e hérnias);
  • Fadiga e desconforto;
  • Náuseas e vómitos;
  • Problemas gástricos;
  • Distúrbios de visão;
  • Acentuação dos efeitos do ruído (quanto às vibrações de baixa frequência);
  • Aumento da frequência cardíaca e da pressão sanguínea;
  • Síndroma vibroacústico-doença sistémica das vibrações (Whole Body Noise and Vibration Disease).
O valor limite de exposição para as vibrações do corpo inteiro é de 1,15m/s2. 
O valor de ação de exposição é de 0,5m/s2.


Avaliação de riscos

Com base na avaliação dos riscos e sempre que sejam excedidos os valores de exposição, a entidade patronal deve estabelecer e implementar um programa de medidas técnicas destinadas a reduzir a exposição a vibrações mecânicas e os riscos que dela resultam.
  • Métodos de trabalho alternativos que reduzam a exposição a vibrações mecânicas;
  • Conceção e disposição dos locais e postos de trabalho;
  • Informação e formação dos trabalhadores para que utilizem corretamente e em segurança o equipamento de trabalho, de forma a reduzir ao mínimo a sua exposição a vibrações mecânicas;
  • Limitação da duração e da intensidade da exposição;
  • Horário de trabalho apropriado, com períodos de repouso adequados.
Medidas de prevenção

Tal como para os demais fatores de risco, também se aplica a hierarquia das medidas de prevenção:
  • Combater as vibrações na origem;
  • Isolamento;
  • Evitar a propagação para o homem;
  • Informação e controlo médico.

Radiações

A radiação é um processo energético de propagação de energia no espaço através de ondas e a partir de uma fonte emissora.

Radiações ionizantes

São as que possuem energia suficiente para ionizar os átomos e moléculas com os quais interagem. Existem dois tipos de radiações ionizantes:
Radiações corpusculares: raios alfa, raios beta, neutrões, protões.
Radiações eletromagnéticos: raios X e raios gama quando penetram no organismo a sua energia é absorvida pelos tecidos, o que pode ocasionar efeitos nocivos graves.

Medidas de prevenção
  • Desenho adequado das instalações;
  • Eliminar exposições desnecessárias;
  • Delimitação das zonas;
  • Sinalização de segurança;
  • Redução da exposição (rotação de pessoal, exposição apenas das pessoas indispensáveis);
  • Aumentar a distância do indivíduo à fonte;
  • Usar barreiras de proteção entre o indivíduo e a fonte;
  • Informação e formação dos trabalhadores;
  • Equipamentos de proteção individual.
Radiações não ionizantes

São as que não possuem energia suficiente para ionizar os átomos e as moléculas com as quais interagem. Trata-se, em geral, de radiações térmicas em que uma parte é produzida pela fonte natural que é o sol, sendo a maioria emitidas por fontes artificiais: lâmpadas, fornos, equipamentos com lazer, etc.

As principais zonas do espectro eletromagnético das radiações não ionizantes são as seguintes:
  • Radiação visível; 
  • Raios infravermelhos; 
  • Raios ultravioletas; 
  • Microondas; 
  • Rádio frequências.
Sempre que a taxa de absorção específica exceder os valores limite de exposição, as áreas correspondentes devem ser consideradas perigosas e assinaladas por sinalização.

 Entre outras medidas salientamos:
  • Confinamento da fonte; 
  • Limitação da permanência junto a fonte radioativa; 
  • Colocação de barreiras entre a fonte e o trabalhador; 
  • Programas de vigilância médica com base em exames regulares para diagnóstico de efeitos precoces; 
  • Manutenção dos equipamentos; 
  • Proteção das partes do corpo mais expostas em cada caso (olhos, mãos, etc.); 
  • Aumento da distância da fonte de radiação; 
  • Formação e informação.

Iluminação

A iluminação no local de trabalho é tratada, do ponto de vista da Higiene e Segurança do Trabalho, como um risco físico possível de afetar o trabalhador. Assim, uma iluminação adequada é uma condição indispensável para a obtenção e manutenção de um bom ambiente laboral. Uma iluminação deficiente pode dar origem a riscos para a SST, designadamente:
  • Fadiga ocular: irritação, redução da acuidade visual, menor rapidez percetiva;
  • Fadiga visual: menor velocidade de reação, sensação de mal-estar, cefaleia e insónias;
  • Mau relacionamento pessoal e hierárquico;
  • Menor produtividade;
  • Maior risco de acidentes de trabalho;
  • Posturas incorretas de trabalho.
Existe uma série de fatores a serem considerados para a obtenção de um local de trabalho adequadamente iluminado:
  • Aproveitamento da luz natural;
  • Utilização de cores claras;
  • Seleção de um sistema de iluminação adequado às tarefas desempenhadas nos locais;
  • Utilização de luminárias de elevado rendimento;
  • Utilização de comandos e controlos automáticos de iluminação;
  • Limpeza e manutenção periódicas dos componentes do sistema de iluminação.

Riscos químicos

Os agentes químicos dividem-se em três classes de perigo:
Perigo físico: os agentes químicos suscetíveis de provocar acidentes poderão ser explosivos, inflamáveis, comburentes, corrosivos; 
Perigo para a saúde: os agentes químicos suscetíveis de causar efeitos adversos (doenças profissionais, queimaduras, intoxicações, poderão ser tóxicos ou muito tóxicos, corrosivos, sensibilizantes, irritantes, mutagénicos, cancerígenos, tóxicos para a reprodução 
Perigo para o ambiente: relativamente ao ambiente, os agentes químicos poderão ser tóxicos para o meio aquático e perigosos para a camada do ozono.

Medidas gerais de prevenção e proteção
  • Conceber e organizar métodos de trabalho adequados.
  • Substituir os agentes químicos perigosos por outros menos perigosos ou isentos de perigo, reduzindo ao mínimo a quantidade de agentes químicos perigosos usados.
  • Utilizar equipamento adequado para trabalhar com agentes químicos, utilizar nas operações de manutenção, processos que garantam a saúde e segurança dos trabalhadores.
  • Reduzir ao mínimo o número de trabalhadores expostos. 
  • Reduzir ao mínimo a duração e o grau de exposição.
  • Adotar medidas de higienização adequadas.
  • Utilizar processos de trabalho adequados durante o manuseamento, a armazenagem e o transporte dos agentes químicos perigosos e respetivos resíduos.

Riscos elétricos
A utilização da eletricidade exige vários cuidados, uma vez que quando são negligenciados os devidos procedimentos de segurança esta fonte de energia pode provocar não só danos patrimoniais, como também ser fatal ou causar lesões irrecuperáveis.
Os riscos que a eletricidade comporta podem agrupar-se em duas categorias:
Para o homem-eletrocussão e queimaduras;
Para o homem e o ambiente- incêndio e explosão.
A proteção contra estes riscos deve ser assumida a todos os níveis, quer seja na fase de projetos, na construção, nos materiais a adquirir, ou na implantação de postos de trabalho, etc.

As medidas de controlo atendem à prevenção de choques elétricos por contato direto ou por contato indireto, à prevenção de queimaduras, do risco de incêndio em funcionamento normal, em caso de sobrecarga e de curto-circuito e à prevenção de explosão.
Para que exista a possibilidade de circulação de corrente elétrica, e inerentemente, de acidente é necessário que:
  • Exista um circuito elétrico ligado; 
  • O circuito esteja fechado ou possa fechar-se;
  • No circuito exista uma diferença de potencial;
  • O corpo humano seja condutor e faça parte do circuito.
  • A origem da maioria dos acidentes elétricos está relacionada com a falta de informação, ou imprudência, de quem trabalha e utiliza recursos elétricos, e aparelhos ou instalações em condições deficientes.
Os riscos mais frequentes são:
  • Eletrocussão;
  • Queimadura, na sequência de arco elétrico;
  • Acidente secundário (por ex. queda duma escada após choque elétrico);
  • Explosão envolvendo a eletricidade;
  • Incêndio causado pela corrente elétrica.
Contato direto

Acontece quando um indivíduo entra em contacto com uma parte ativa de um circuito que está sob tensão. É o tipo de contacto que acontece quando alguém toca num elemento condutor de um circuito por ex: quando ao furarmos uma parede o berbequim atinge uma ligação elétrica.

Contato indireto

Um contato indireto ocorre quando um indivíduo, ao tocar num material isolante, sofre um choque elétrico em decorrência de uma falha de isolação ou alguma outra causa.
Quer num caso quer no outro o risco é determinado pela tensão de contato. Quando do contato indireto a corrente passa, na integra, para o organismo. Uma parte dirige-se para terra ao longo dos condutores de proteção da massa sob tensão. A corrente que vai para terra determina a tensão de contato.





Na proteção contra contatos direto
  • Isolamento das partes ativas em tensão;
  • Utilização de barreiras ou obstáculos com índice de proteção adequado; Proteção exclusivamente contra os contatos involuntários;
  • Condicionamento do acesso aos locais (apenas para técnicos qualificados)
  • Utilização de tensão reduzida de segurança;
  • Colocação fora do alcance, através de afastamento;
  • Uso complementar de relé, disjuntor, interruptor de corrente diferencial de alta sensibilidade ou de transformador de isolamento.

Na proteção contra contatos indiretos
Das primeiras podemos destacar:
  • Utilização de materiais de duplo isolamento;
  • Isolamento suplementar na montagem;
  • Afastamento ou colocação de obstáculos;
Quanto às segundas destacam-se:
  • A utilização de tensão reduzida de segurança;
  • A separação dos circuitos;
  • Ligações equipotenciais cortando a corrente elétrica através de dispositivo diferencial.
Medidas de prevenção
  • Delimitação das zonas de trabalho;
  • Verificação visual de controlo de diversos parâmetros;
  • Proteção contra contatos diretos e indiretos dos aparelhos e instalações elétricas;
  • Proteção dos invólucros dos aparelhos ou outros componentes das instalações elétricas contra a corrosão, ações mecânicas ou penetração de líquidos;
  • Regras e dispositivos de segurança utilizados na execução de trabalhos em instalações elétricas;
  • Equipamentos de Proteção individual contra os contatos com a eletricidade;
  • Medidas de segurança adotadas na utilização de aparelhos elétricos;
  • Medidas tomadas em termos de manutenção e inspeção das instalações elétricas;
  • Sinalização de segurança e controlo das instalações de emergência;
  • Formação e informação sobre riscos de contato com a eletricidade;
  • Verificação do estado de conservação dos isolamentos.



Riscos de incêndio

No armazém é possível eclodirem incêndios de dimensões catastróficas com graves perdas patrimoniais e até humanas. Por conseguinte afigura-se fundamental levar a cabo medidas de prevenção que evitem a ocorrência destes eventos e concomitantemente as suas consequências. Entre estas destacam-se por exemplo:

Atuação sobre o combustível: 
  • Manutenção periódica das condutas de líquidos ou gases inflamáveis, para que não ocorram fugas perigosas;
  • Evitar a presença de resíduos inflamáveis;
  • Sinalização dos recipientes;
  • Evitar a existência de depósitos de produtos inflamáveis instalados provisoriamente.
Atuação sobre a energia de ativação:
Térmica
  • Evitar foguear ou fumar na zona de perigo;
  • Proibição de transito nas zonas perigosas;
  • Proteção dos raios solares;
  • Verificação da existência de atmosferas inflamáveis.

Mecânica
  • Não utilização de equipamentos de projeção de chispas;
  • Evitar falhas mecânicas;
  • Prevenir frições mecânicas.
Química
  • Isolamento e controlo da temperatura;
  • Separação e armazenagem cuidadosas de substâncias perigosas;
  • Ventilação e controlo da humidade ambiental em substâncias auto-oxidáveis.
Elétrica
  • Dimensionamento da instalação de forma a evitar sobrecargas;
  • Instalação elétrica em consonância com os riscos em presença;
  • Interruptores diferenciais;
  • Pára-raios para descargas eletricas atmosféricas.
Para além dos anteriormente falados existem outro tipo de medidas preventivas, como por exemplo:
  • Atuação sobre o comburente;
  • Atuação sobre a reação em cadeia;
  • Atuação sobre a estrutura de edifícios.

Riscos biológicos

São microrganismos patogênicos (bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus.

Efeitos para a saúde

Doenças contagiosas diversas inclusive gripes e constipações.



Riscos mecânicos
  • Acidentes com quedas;
  • Acidentes com veículos; 
  • Acidentes com máquinas.
Efeitos para a saúde

Traumatismos diversos e até a morte.


Riscos psicossociais

A prevenção dos riscos psicossociais no âmbito laboral obriga a um envolvimento ativo e dinâmico por parte da entidade empregadora e por parte dos trabalhadores e dos seus representantes.

Carga mental

O ambiente psicossocial e a carga mental do trabalho que as disfunções a ele inerentes podem ocasionar, constituem um domínio de estudo cada vez mais importante.

Os fatores que desencadeiam a carga mental são:
  • A pressão devida à falta de tempo;
  • As tarefas que pressupõem a execução simultânea de atividades diferentes, muitas vezes com exigências opostas;
  • As tarefas complexas, que envolvem decisões complicadas e se caraterizam pelo tratamento de grande volume de informação;
  • Exigências insuficientes: entre outras, as tarefas de vigilância;
  • Riscos de incidente em situações de trabalho que não podem ser interrompidas.

Stress

O stress constitui uma das maiores causas de doenças relacionadas com o trabalho.

Os sintomas individuais/organizacionais que revelam casos de stress no trabalho são inúmeros, podemos destacar alguns:


Individuais
  • Cansaço;
  • Irritabilidade;
  • Perturbações do sono; 
  • Hipertensão arterial;
  • Dores de cabeça;
  • Dificuldades de memórias e concentração;
  • Perturbações gástricas;
  • Tristeza;
  • Menor desempenho;
  • Absentismo;
  • Desmotivação;
  • Isolamento social.
Organizacionais
  • Maior número de acidentes de trabalho;
  • Menor rendimento e produtividade;
  • Incumprimento de horários;
  • Aumento da taxa de rotação de pessoal;
  • Aumento da taxa de absentismo.
Assédio sexual e moral

O assédio pode ser de tipo moral e/ou sexual tratando-se de um conjunto de comportamentos percecionados como abusivos com o objetivo de intimidar, coagir ou ameaçar a dignidade de outra (s) pessoa (s), não se confundindo com sedução consentida ou com uma discussão profissional. Importa acentuar que o assédio, em geral, é um processo continuado prolongando-se no tempo.



Assédio sexual

O assédio sexual é um conjunto de comportamentos indesejados, percecionados como abusivos de natureza física, verbal ou não verbal, podendo incluir tentativas de contacto físico perturbador, pedidos de favores sexuais com o objetivo ou efeito de obter vantagens, chantagem e mesmo uso de força ou estratégias de coação da vontade da outra pessoa. Geralmente são reiterados podendo também ser únicos e de carácter explícito e ameaçador.

Insinuações sexuais: 
  • Piadas ou comentários sobre o seu aspeto que o tenham ofendido;
  • Piadas ou comentários ofensivos sobre o seu corpo;
  • Piadas ou comentários ofensivos de carácter sexual. 
Atenção sexual não desejada:
  • Convites para encontros indesejados;
  • Propostas explícitas e indesejadas de natureza sexual;
  • Propostas indesejadas de carácter sexual através de e-mail, sms ou através de sites e redes sociais; 
  • Telefonemas, cartas, sms, e-mails ou imagens de carácter sexual ofensivos;
Olhares insinuantes:
  • Perguntas intrusivas e ofensivas acerca da vida privada; 
  • Contacto físico e agressão sexual; 
  • Contactos físicos não desejados (tocar, mexer, agarrar, apalpar, beijar ou tentar beijar); 
  • Agressão ou tentativa de agressão sexual. 
Aliciamento:

Pedidos de favores sexuais associados a promessas de obtenção de emprego ou melhoria das condições de trabalho.

Assédio moral

O assédio moral é um conjunto de comportamentos indesejados percecionados como abusivos, praticados de forma persistente e reiterada podendo consistir num ataque verbal com conteúdo ofensivo ou humilhante ou em atos subtis, que podem incluir violência psicológica ou física. Tem como objetivo diminuir a autoestima da/s pessoa/s alvo e, em última instância pôr em causa a sua ligação ao local de trabalho. As vítimas são envolvidas em situações perante as quais têm em geral dificuldade em defender-se.

Isolamento social
  • Terem promovido o seu isolamento ou falta de contacto em relação a colegas; 
  • Terem promovido o seu isolamento ou falta de contacto com chefias.
Perseguição profissional
  • Definição de objetivos impossíveis de atingir;
  • Desvalorização sistemática do trabalho;
  • Funções desadequadas. 
Intimidação
  • Ameaças sistemáticas de despedimento;
  • Ter sido alvo de situações de stress com o objetivo de provocar descontrolo. 
Humilhação pessoal

Ter sido humilhado devido a características físicas psicológicas ou outras.

Equipamentos de proteção individual

O EPI é todo o equipamento, complemento ou acessório a ser utilizado para proteção contra os riscos para a SST, quando estes não puderem ser eliminados por meios de proteção coletiva ou por medidas, métodos ou processos de organização de trabalho. O EPI funciona como um mecanismo suplementar para um risco residual imprevisível ou não passível de ser evitado.

Os requisitos a atender no desenho e conceção destinam-se a garantir que o EPI é eficaz, robusto, de utilização prática, de fácil conservação, cómodo, pouco volumoso, leve e perfeitamente adaptável/regulável.

Nos locais de trabalho deve existir documentação sobre os equipamentos de proteção individual, abrangendo os seguintes aspetos:
  • Fichas de controlo dos EPI (trabalhador, função, risco, EPI, data de atribuição, prazo de validade, norma aplicável);
  • Manuais do fabricante.
Os EPI classificam-se de acordo com:
  • O tipo de agente agressor- poeiras, produtos químicos, eletricidade, entre outros;
  • A parte do corpo a proteger- cabeça, olhos e face, ouvidos, vias respiratórias, mãos e braços, pés e pernas, pele, tronco e abdómen, corpo inteiro; 
  • Tipo de risco a evitar - proteção contra riscos físicos (ruído, eletricidade) químicos (aerossóis, gases) e biológicos.
Para além do vestuário de proteção existem acessórios refletores (coletes, luvas, etc.) nos locais onde a localização dos trabalhadores pode comportar dificuldades de várias ordens.
A utilização do EPI depende da articulação de três fatores: gravidades de risco, frequência da exposição e caraterísticas do posto de trabalho.

Equipamentos de proteção coletivos

Conhecidos como EPC, esses equipamentos são utilizados de forma coletiva, destinados a protegerem a saúde e a integridade física dos profissionais que trabalham em ambientes que apresentam riscos.

Entre os principais objetivos do uso dos equipamentos de proteção coletiva, estão:
  • Evitar acidentes que envolvam tanto os trabalhadores, como também outras pessoas que venham a estar presentes naquele local de trabalho;
  • Minimizar perdas e aumentar a produtividade da empresa através de uma melhoria nas condições de trabalho; 
  • Neutralizar ou ao menos reduzir os riscos que anteriormente eram comuns em um determinado local de trabalho.
Principais  exemplos de EPC
  • Sistemas de ventilação e exaustão;
  • Proteção de circuitos e equipamentos elétricos;
  • Proteção contra ruídos (isolantes acústicos) e vibrações;
  • Sensores de presença;
  • Barreiras contra luminosidade intensa e descargas atmosféricas.